Governo Lula negociou com liderança investigada por tráfico e homicídio
Durante visita à Favela do Moinho, no centro de São Paulo, no fim de junho, o presidente Lula e a primeira-dama Janja estiveram em uma agenda articulada com a Associação da Comunidade do Moinho. A entidade é presidida por Alessandra Moja Cunha, irmã de um antigo chefe do tráfico local, e tem histórico de envolvimento com atividades criminosas, segundo o Ministério Público. Relatórios apontam que a sede da associação foi usada como depósito de drogas do PCC, e que o controle da região ainda estaria nas mãos do grupo.
A presença do presidente na favela teve como foco o anúncio da realocação de cerca de 900 famílias que vivem na área, pertencente à União, com planos de transformação do local em parque público. Dois dias antes da visita, o ministro Márcio Macêdo já havia discutido os detalhes do evento com a associação. O compromisso envolve investimentos de até R$ 250 mil por família, com recursos do governo federal e estadual, e garantia de que nenhuma moradia será demolida antes da transferência.
A atuação da família Moja na região é citada em denúncias do Ministério Público como responsável por consolidar a favela como um ponto de distribuição de drogas. Apesar disso, representantes da associação, incluindo a filha de Alessandra, participaram de ao menos cinco reuniões com integrantes do governo federal entre 2024 e 2025. A presença de parlamentares do PT e do Psol no evento gerou ainda mais repercussão, diante das acusações contra a liderança local.
Em resposta às críticas, o governo federal afirmou que a visita teve caráter institucional e seguiu todos os protocolos de segurança. Destacou que a escuta das comunidades e a interlocução com lideranças locais são práticas legítimas e fundamentais para políticas públicas voltadas à moradia e inclusão. Segundo nota da Secretaria de Comunicação, a principal representante local que intermediou o encontro foi Flavia Maria da Silva, considerada idônea pela comunidade.