O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a prisão do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, por obstrução de Justiça. Câmara já havia sido preso em janeiro de 2024, no âmbito do inquérito que apura uma suposta trama golpista após as eleições de 2022, e foi solto em maio do mesmo ano com restrições. Entre as condições, estava a proibição de usar redes sociais e de manter contato com outros investigados, mesmo por meio de terceiros. A nova ordem de prisão foi motivada por descumprimento dessas medidas.
Segundo Moraes, a defesa de Câmara violou as restrições ao contatar Mauro Cid, delator da trama, por meio de redes sociais. O advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, buscava informações sigilosas sobre a colaboração premiada de Cid e chegou a usar um perfil no Instagram para esse fim. A troca de mensagens foi confirmada pela própria defesa, e os áudios mostram Cid desabafando sobre as consequências da delação, incluindo perdas pessoais e críticas indiretas ao próprio Bolsonaro. A decisão de Moraes aponta que o contato visava obter provas de forma indevida e configura tentativa de obstrução da investigação.
Além da nova prisão de Câmara, Moraes determinou a abertura de um inquérito para investigar a conduta do advogado Eduardo Kuntz e do próprio coronel. O ministro destacou que a atuação de advogados não pode ser usada como escudo para práticas ilegais. Os envolvidos deverão prestar depoimento à Polícia Federal no prazo de 15 dias. A decisão reforça o entendimento do STF de que a tentativa de interferência em colaborações premiadas e no curso de investigações será tratada com rigor.
