Caro leitor, nossa nação está sofrendo nos últimos tempos devido ao aparelhamento de determinados poderes. Com isso, nossa democracia, dia após dia, representa apenas um nome, algo que é usado como escudo por tiranos e crápulas que governam este país. Um termo, nos últimos anos, ganhou destaque, desde discussões entre pessoas comuns, até debates de indivíduos do alto escalão. Você já ouviu falar de fascismo? Alguém já te chamou de fascista? Já chamou alguém assim? Bom, essa palavra representa uma ideologia, assim como o comunismo e o nazismo — ideologias nefastas cujo único objetivo é o poder absoluto. Antes de chamar alguém disso, venha conhecer, um pouco sobre o que é fascismo.
Antes de mais nada, a palavra “fascismo” tem origem no termo italiano “fascio”, que significa feixe ou grupo. Este termo, por sua vez, deriva do latim “fascis”, que também significa feixe, utilizado na Roma Antiga para designar os “fasces” — feixes de varas amarrados ao redor de um machado, carregados por oficiais romanos como símbolo de autoridade e poder, representando a força e a unidade do Estado.
Benito Mussolini, em 1919, adotou esse símbolo ao fundar o “Fasci Italiani di Combattimento”, seu movimento político promovia a ideia de unidade nacional, força e autoritarismo. Desde então, a palavra “fascismo” tornou-se um termo quase palpável para designar qualquer movimento político e ideologia que se assemelhe ao regime totalitário, ao nacionalismo extremo, à violência como meio de alcançar objetivos e à ausência de diálogo.
O fascismo surgiu na Europa, no início do século XX, na Itália, sob a liderança de Benito Mussolini, logo após a Primeira Guerra Mundial. É um regime político autoritário e nacionalista. Entre suas características principais, podemos citar o seguinte: o fascismo rejeita o sistema democrático e concentra o poder em um líder autoritário, muitas vezes carismático, que assume o controle absoluto do Estado. Com isso, os meios de comunicação são também controlados, e a sociedade fica sob o seu domínio. As práticas de poder envolvem a exclusão da democracia liberal e do comunismo, o que explica o ódio dos comunistas a essa ideologia.
Leitor, desde o início da Primeira Guerra Mundial até seu término, surgiram as três ideologias mais sombrias e perigosas: o fascismo, o nazismo e o comunismo, que apesar de surgir antes, se consolidou com a Revolução Russa. Essas três ideologias são inimigas entre si, buscando a destruição mútua, apesar da aliança entre nazismo e fascismo, simbolizada pelas figuras de Hitler e Mussolini. Mesmo assim, vale lembrar que os dois líderes, com seus respectivos bigodes, também fizeram alianças contraditórias.
Outro ponto a destacar é a exaltação da nação como entidade suprema, promovendo a ideia de que o bem da nação está acima de qualquer interesse individual ou de grupos. Isso inclui a glorificação do passado nacional, a identidade cultural e a superioridade de uma raça ou etnia específica, o que frequentemente leva à xenofobia e ao racismo.
Na área econômica, o fascismo aceitava a busca pelo lucro, mas sempre subordinava a indústria aos interesses nacionais, acima dos lucros privados. Defendia uma economia controlada pelo Estado, que misturava propriedade privada e pública dos meios de produção. Incrivelmente, o fascismo defendia a proteção da indústria nacional, uma espécie de intervencionismo estatal — também conhecido como autarquia — para reduzir a dependência do país em relação ao comércio internacional.
Os controles aplicados incluíam censura, perseguição política e prisão de opositores. Por meio da propaganda, o regime destruía qualquer um que se opusesse, transformando-os em “sub-humanos”, para depois puni-los com a força do Estado.
O fascismo ainda está presente nos dias de hoje, disfarçando-se e adaptando-se às realidades atuais. Basta observar atentamente as atitudes do dia a dia para notar semelhanças: perseguições, autoritarismo e o culto à personalidade. Tudo isso vem junto com a supressão de liberdades, ecoando nas mazelas humanas. São criadas cortinas de fumaça para distrair, produzindo “inimigos” da democracia, com um único objetivo: o controle da população, o controle das ideias, o controle da vida — a mentalidade do “pensamento-crime”.
Agora, pense comigo, leitor. Em debates públicos ou conversas acaloradas, é comum ver alguém gritar espumando pela boca: “FASCISTA!” ou “FASCISTAS NÃO PASSARÃO!”. Se houver discordância ideológica, pronto, você é automaticamente rotulado com essa palavra. E aqui chamo sua atenção para o uso indevido dessa palavra. A banalização desse termo está gerando uma geração que afirma lutar contra o fascismo, mas que, ironicamente, reproduz todos os traços fascistas: sem abertura para diálogo, controle do pensamento alheio e, talvez o mais alarmante, a busca pelo domínio absoluto do espaço público de ideias.
O historiador americano Stanley Payne, reconhecido por seus extensos estudos sobre o fascismo, afirma que o fascismo “permanece como o conceito político mais indefinido e significativo”. Na verdade, essa falta de definição é perfeita para promover seu uso excessivo, algo que também ocorre com outros termos políticos de definição imprecisa, como liberal, conservador e comunista. Payne explica que, a partir de 1921, o Internacional Comunista começou a usar o termo de forma pejorativa e abrangente. Essa organização, que reúne partidos comunistas ao redor do mundo, começou a aplicar rótulos como “liberais fascistas” e “conservadores fascistas” para denotar pejorativamente indivíduos e grupos políticos. A partir desse momento, o termo “fascista” passou a ser utilizado não apenas como um insulto, mas também para descrever grupos radicais de direita e movimentos autoritários nacionalistas que exibiam características do fascismo italiano ou alemão. De acordo com Payne, o próximo estágio foi a aplicação do termo a grupos de direita, conservadores e até mesmo a qualquer entidade que, de alguma forma, fosse associada ao nacionalismo ou a uma forma mais tradicional de autoridade.
Uma das nações que venceram a Segunda Guerra Mundial foi a Rússia, comunista e inimiga tanto do fascismo quanto do nazismo. Com isso, ganhou o poder de taxar seus adversários como fascistas e nazistas. Sabemos que esse uso é desproporcional e tem um objetivo pejorativo: desmerecer os adversários políticos, simplesmente por discordarem.
Portanto, agora, leitor, se alguém te chamar de fascista ou você ver alguém sendo chamado assim, você terá noção básica do que é o fascismo. O buraco é sempre mais embaixo. Há sempre quem queira simplificar algo que é extremamente complexo, mesmo para historiadores e cientistas políticos. Em 1944, o escritor britânico George Orwell levantou uma das questões mais cruciais do seu tempo, indagando: “O que, afinal, é o fascismo?” Ele sugeriu que, entre todos os dilemas não resolvidos da época, esse talvez fosse o mais significativo.