Lula lidera ranking de juros: Governo mantém média de 12,5% ao ano, ficando atrás apenas do primeiro mandato do próprio petista, que registrou 18,7%
Segundo levantamento da CNN com base em dados do Banco Central, os três mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva concentram algumas das maiores médias da taxa Selic no século XXI. A atual gestão tem uma média de 12,5%, superada apenas pelo primeiro governo de Lula, entre 2003 e 2006, quando os juros básicos atingiram 18,7% ao ano. Isso coloca o petista entre os presidentes com maior custo do crédito no país nas últimas duas décadas.
Em comparação com outras gestões, a Selic média no governo de Dilma Rousseff (2014-2016) foi de 13,8%. Já nos governos de Lula 2 (11,1%), Michel Temer (10,9%), Dilma 1 (9,9%) e Jair Bolsonaro (6,6%), os juros ficaram em patamares menores. A pesquisa considera as decisões do Copom durante cada administração, permitindo uma análise comparativa do comportamento da política monetária.
Economistas ouvidos pela reportagem apontam que a atual manutenção dos juros elevados se deve a um cenário global de juro neutro mais alto após a pandemia e a políticas econômicas expansionistas adotadas internamente. Para Alexandre Espírito Santo, da Way Investimentos, há uma combinação entre o aumento do prêmio de risco no mundo e as incertezas fiscais brasileiras, o que obriga o Banco Central a manter a taxa em níveis elevados.
As medidas do governo, como isenção do IR para salários de até R$ 5 mil, ampliação de crédito e aumento de gastos sociais, estimulam a economia, mas pressionam a inflação. Jason Vieira, da MoneYou, alerta que o governo emite sinais de descontrole fiscal, o que desancora expectativas e influencia a curva de juros. Ambos os especialistas defendem reformas estruturais com cortes de gastos como única forma de abrir caminho para uma eventual redução sustentada da Selic.