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Goiânia restringe funcionamento de distribuidoras de bebidas para tentar reduzir criminalidade

Goiânia restringe funcionamento de distribuidoras de bebidas para tentar reduzir criminalidade

Goiânia restringe funcionamento de distribuidoras de bebidas. Atendimento presencial limitado até 23h59

Goiânia restringe funcionamento de distribuidoras de bebidas com horário limitado para atendimento presencial; medida visa reduzir crimes na cidade.

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, sancionou uma lei que estabelece restrições ao funcionamento das distribuidoras de bebidas na cidade. A partir desta quarta-feira (30), o atendimento presencial nesses locais será permitido somente até as 23h59, enquanto entre 0h e 4h59 o funcionamento deverá ser exclusivamente via delivery.

A medida, proposta pela Polícia Militar e aprovada pela Câmara Municipal, busca reduzir crimes relacionados às distribuidoras de bebidas, considerando que dados do comando do Policiamento da Capital indicam que 44% dos homicídios registrados na cidade ocorrem nas proximidades desses estabelecimentos.

Apesar de ainda não haver regulamentação detalhada sobre a fiscalização e aplicação de penalidades, as autoridades locais, incluindo a Polícia Militar, a Guarda Civil Metropolitana e fiscais municipais, já iniciaram o monitoramento do cumprimento da nova lei.

O prefeito reforçou que a venda para consumo no local estará proibida após a meia-noite, e que as distribuidoras não devem permitir aglomeração ou consumo dentro do estabelecimento, com o objetivo de diminuir o barulho e aumentar a segurança na cidade.


Principais pontos sobre a medida:

1. Restrição de horário pode deslocar a violência, não reduzi-la

Especialistas em segurança pública alertam que restringir o funcionamento de distribuidoras não elimina a criminalidade, mas pode apenas deslocá-la para outros pontos ou horários. Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre políticas repressivas ao consumo de álcool mostrou que medidas baseadas unicamente em restrição de horário tendem a ser ineficazes quando não acompanhadas de ações sociais, urbanísticas e educativas.

Fonte: FGV – Políticas Públicas sobre Álcool e Segurança

2. Medidas podem afetar desproporcionalmente pequenos comerciantes

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) já se posicionou contra legislações similares, afirmando que elas afetam especialmente os pequenos e médios empreendedores, que dependem do movimento noturno. O risco é criar um efeito econômico colateral em áreas periféricas, onde distribuidoras representam uma das poucas fontes de renda local. Sem alternativas ou políticas de compensação, a medida pode gerar desemprego e informalidade, agravando o problema social que se busca combater.

Fonte: CNC – Restrição de comércio de bebidas pode prejudicar economia local

3. Vendas de álcool à noite realmente aumentam os índices de violência?

Estudos mostram que a disponibilidade de bebidas alcoólicas em horários avançados está correlacionada com o aumento da violência urbana. Um relatório publicado pelo National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), dos EUA, indica que há relação direta entre o horário de funcionamento de estabelecimentos que vendem álcool e crimes como agressão, roubo e homicídios. Cidades que restringiram a venda de bebidas durante a madrugada registraram redução entre 15% e 20% nos índices de violência.

Fonte: NIAAA – Effects of Alcohol Outlet Density on Violence

4. Medidas semelhantes já foram adotadas em outras cidades brasileiras — e funcionaram

Capitais como Fortaleza (CE) e Salvador (BA) já implementaram legislações que restringem o funcionamento de bares e distribuidoras durante a madrugada, com base em dados policiais. Em Fortaleza, por exemplo, após a adoção da “Lei Seca Local” em áreas com alto índice de homicídios, houve queda de 29,8% nos assassinatos em bairros monitorados entre 2017 e 2018.

Fonte: IPECE – Avaliação de Políticas Públicas: Lei do Álcool e Homicídios em Fortaleza

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