Cracolândia como bandeira: a Nova Esquerda, a Escola de Frankfurt e o uso da miséria como estratégia política
Caros legentes, a Terra dos Papagaios tem sido vítima de planos obscuros que precisamos trazer ao centro do debate, expô-los à luz da verdade e, com o bom espírito do renascimento, espantar os morcegos que sugam os nutrientes da nação e subvertem suas raízes mais profundas. Vivemos tempos de inversões morais. Em que o criminoso vira vítima, a marginalidade é romantizada e o Estado, ao cumprir seu dever, é acusado de opressão. A mais recente dessas inversões foi protagonizada por setores da esquerda, que reagiram com protestos à operação que resultou no maior avanço já registrado contra a Cracolândia — a ferida aberta no coração de São Paulo que há décadas escancarava o fracasso do Estado.
Sob a coordenação da prefeitura, principalmente com o apoio do governador, o centro da cidade foi finalmente recuperado. Ações conjuntas de segurança, saúde e assistência social interromperam o ciclo de degradação, tráfico e dependência que transformara a região em um cenário de desespero. Utilizada também pelo crime organizado como ferramenta para desvalorização imobiliária, estabelecimento de bocas de fumo, fomento à criminalidade e controle indireto sobre ações do Estado. O que deveria ser comemorado como um feito humanitário, social e civilizacional, foi atacado por militantes e ativistas que, numa distorção grotesca da realidade, defenderam o “direito de existir” da Cracolândia.
Mas o que há por trás dessa defesa irracional da degradação? Seria ignorância, inocência ou algo mais profundo? A resposta, infelizmente, está na História — e passa pela Escola de Frankfurt, a Nova Esquerda e sua bem arquitetada substituição da luta de classes por uma luta simbólica contra a ordem ocidental.
Fundada em 1923, a Escola de Frankfurt nasceu como um projeto de renovação do marxismo. Seus principais nomes — Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Walter Benjamin — constataram algo que soava como heresia para os ortodoxos: o operariado não queria mais revolução. O trabalhador desejava melhores condições, estabilidade, consumo — não a ruptura da sociedade burguesa.
Diante do fracasso das revoluções esperadas, esses intelectuais propuseram outra estratégia: não mais atacar a economia, mas a cultura. Segundo Marcuse, em Eros e Civilização (1955), a repressão das pulsões humanas sustentava a civilização. Libertar essas pulsões — sexuais, narcísicas, antissociais — seria um caminho para a libertação política.
A isso se juntam os escritos de Antonio Gramsci, que cunhou a noção de hegemonia cultural: para derrubar a ordem, seria necessário ocupar os espaços simbólicos — mídia, escolas, igrejas, linguagem, moral, estética — e aí plantar a semente da subversão. E é justamente neste ponto, caro leitor, que começamos a compreender com nitidez o cenário que hoje se desenha diante de nós. Uma geração de jovens alienados, doutrinados desde cedo, passa a defender bandeiras que lhes foram implantadas há décadas (no subconsciente) — especialmente sob a hegemonia do PT, herdeiro direto do antigo Partidão. O Partido dos Trabalhadores já nasce sob a influência dessa nova matriz ideológica, moldado pela lógica da luta cultural. Assim como o PSOL — ainda mais ortodoxo e radical do que seu antecessor —, é ele quem protagoniza tais barbaridades.
E o resultado, infelizmente, é visível: conseguiram êxito onde a revolução falhou, não com armas, mas com narrativas. Assim, nasce a Nova Esquerda — que já não tem como objetivo prioritário a luta do operário contra o burguês, mas a luta de “minorias simbólicas” contra toda forma de autoridade e estrutura. É nesse contexto que surgem os novos oprimidos: o dependente químico, o morador de rua, o transgressor sexual, o criminoso social, o traficante encarcerado e etc. Todos eles transformados em símbolos de resistência à sociedade capitalista ocidental.
Já se perguntou, por que a esquerda nunca defende medidas duras como a castração química de estupradores? Ou penas mais severas para assassinos, ladrões e criminosos reincidentes? A resposta é tão simples quanto perturbadora: a esquerda precisa deles para sobreviver politicamente. São esses personagens marginais que alimentam a narrativa do oprimido estrutural, da vítima do sistema, da suposta injustiça social — pilares que sustentam seu projeto ideológico. Punir severamente esses indivíduos significaria desmontar a base simbólica que justifica sua militância e sua atuação política.
Neste contexto teórico, a Cracolândia se torna algo mais do que um problema social — vira um campo de batalha simbólico. Não interessa à Nova Esquerda curar o dependente, prender o traficante ou reurbanizar a cidade. O que interessa é preservar a narrativa do caos, onde o viciado representa a vítima pura do sistema, e o Estado, ao tentar agir, é demonizado.
Essa estratégia já havia sido antecipada por Marcuse, em seu conceito de “tolerância repressiva”. Em resumo: só se deve tolerar aquilo que subverte a ordem vigente. Tudo o que fortalece a civilização ocidental deve ser combatido — inclusive as ações do Estado para garantir segurança, ordem e dignidade.
A própria esquerda militante, é uma caricatura de si mesma, abraçando pautas destrutivas como forma de enfrentamento ao que chamam de “sistema”. Em nome de uma ideologia sem povo, sacrificam a cidade, a ordem, a saúde pública e a verdade.
O mais estarrecedor, no entanto, é constatar que a massa de manobra que se acredita revolucionária — os autoproclamados “guerreiros do bem” — nada mais são do que indivíduos profundamente alienados. Defendem ideias e estratégias cujo significado real sequer compreendem. Reproduzem slogans, repetem narrativas, mas ignoram as origens e os objetivos ocultos por trás desse projeto de poder. A fala de Jorge Amado sintetiza com perfeição essa cegueira ideológica: “Para mim, Stálin era um pai. Se esse papel é verde, mas se o partido disse que é vermelho, é vermelho”. Uma declaração que desnuda a submissão da consciência individual ao dogma partidário — e que permanece atual em muitos dos que hoje marcham sem saber por quem ou por quê.
A defesa da Cracolândia por setores da esquerda não é racional, nem humanitária. Ela se insere num projeto mais amplo: o de destruir os pilares da sociedade ocidental a partir de dentro, usando os próprios códigos da cultura e da moralidade contra ela mesma. Chegam ao ponto de instrumentalizar até mesmo a moral cristã: “Jesus protegeu os oprimidos — como, então, um verdadeiro cristão pode desejar o fim da Cracolândia? Para onde irão os marginalizados que ali viviam?”. Essa retórica, carregada de apelo emocional, nada mais é do que a subversão calculada da religião dominante — uma das diretrizes centrais de Antonio Gramsci, que via na desconstrução dos pilares morais e culturais da sociedade ocidental um caminho necessário para a revolução cultural. Quando a polícia retira os traficantes, os ativistas gritam “repressão”. Quando o Estado oferece tratamento, acusam de higienismo. Quando a cidade é devolvida aos cidadãos, falam em exclusão. É um jogo de inversões que só se sustenta na ignorância histórica e na manipulação emocional.
A Nova Esquerda não quer resolver a miséria — quer perpetuá-la como espetáculo, como ferramenta de luta simbólica. Por isso, protestam quando o Estado acerta. Por isso, se incomodam quando a Cracolândia perde força. Porque, sem caos, sem vítimas, sem tragédias midiáticas, sua narrativa perde o palanque.
É preciso nomear o que está em curso: a instrumentalização da dor humana como tática revolucionária. A Cracolândia interessa à Nova Esquerda apenas enquanto existir. Ela é o retrato de sua falência moral e intelectual. Sua extinção, ao contrário, é um ato de resistência civilizatória.
A ação que resultou na desarticulação da Cracolândia foi mais do que uma medida administrativa — foi um golpe direto contra um dos ícones mais simbólicos da distorção ideológica que assola o país. E o desconforto gerado por esse acerto revela muito mais sobre seus opositores do que sobre a ação em si.
Libertar São Paulo do caos da Cracolândia não é um ato de repressão, mas de reconstrução. É restaurar a ordem, a dignidade humana e a autoridade moral do Estado. O Brasil precisa seguir por esse caminho: abandonar a complacência com o crime e com a miséria instrumentalizada. É hora de enfrentar, com coragem, a arquitetura de degradação que vem sendo naturalizada em nome de uma falsa compaixão. Reconstruir o país exige romper com as amarras ideológicas que protegem o caos sob o pretexto de justiça social.
O que está em jogo não é apenas o controle de uma praça ou a reintegração de um espaço urbano — é a alma da nação. Ou restauramos os alicerces morais, culturais e espirituais que sustentam uma sociedade livre, ou afundaremos de vez em um pântano onde o vício é romantizado, o criminoso é exaltado e a verdade é soterrada sob slogans vazios. A esquerda cultural, moldada por décadas de infiltração estratégica, aprendeu que para dominar um povo basta perverter sua linguagem, relativizar seus valores e oferecer desgraça como se fosse compaixão. Resta a nós, enquanto sociedade, erguer a voz, restaurar a lucidez e reverter esse ciclo de decadência. O Brasil não precisa de mais anestesia ideológica — precisa de verdade, coragem e reconstrução. Essa é a missão!