Excelentíssimo leitor, nosso país deteriora para um abismo sem fim. As projeções e especulações para 2026 não são nada boas. Especialmente quando podemos, talvez, repetir o cenário americano, reelegendo Jair Messias Bolsonaro ou quem ele consagrar como seu arauto messiânico. Arranjos e apertos de mãos já estão sendo feitos nos bastidores do picadeiro chamado Brasil.
E isso ainda não é o pior. Calma, sempre pode piorar: candidatos como Gusttavo Lima, Pablo Marçal e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, além do ex-presidente ainda cogitar Flávio e Michelle Bolsonaro. O super acordo que pode tornar Bolsonaro elegível é o terror da esquerda, o atraso para o país e, acima de tudo e todos, o desastroso Centrão elegendo Alcolumbre como presidente do Senado. Se você tinha esperanças de melhoria, sinto muito, a solução para o Brasil é um meteoro ao estilo do filme “Não Olhe para Cima”, nesse caso: “Não olhe para Brasília”.
Parece que um grupo de deputados do PL, com o empurrãozinho de parte do Centrão, está se movimentando para trazer Bolsonaro de volta ao jogo político. O problema? O ex-presidente está inelegível até 2030, cortesia do TSE, que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, tudo por conta daquele famigerado evento oficial em que ele resolveu semear dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Resultado: caiu na Lei da Ficha Limpa.
Mas a ironia da política brasileira nunca decepciona. Agora, figuras em Brasília querem justamente mexer na Lei da Ficha Limpa, a mesma que, no passado, teve apoio de muitos deles. A missão é clara: reduzir de oito para dois anos a inelegibilidade por crimes eleitorais. Se o plano der certo e o Congresso aprovar a mudança até outubro, Bolsonaro poderia voltar a disputar eleições já em 2026.
O famoso “jeitinho brasileiro” não é novidade. Lá em 1997, o Congresso reescreveu as regras da reeleição para permitir que Fernando Henrique Cardoso buscasse um segundo mandato. Na época, chegaram a pipocar denúncias de compra de votos, mas, no fim, o projeto passou. Ou seja, mudar as regras com o jogo em andamento parece ser um velho costume da nossa política — e, pelo visto, continua firme e forte. Por quê? Não olhe para Brasília.
O cenário político brasileiro está incerto e, acima de tudo e todos, à beira do colapso das instituições democráticas, se ainda podemos chamá-las assim. À guisa de informação, o governo Lula se esforçou bastante para realizar uma governança vergonhosa e infausta. Como ele mesmo disse em um vídeo: “O Governo não entregou o que prometeu”. De picanha para abóbora, de cervejinha para imposto, de compras para taxas, de poder de compra para desvalorização do real, de combustíveis para mais impostos, de dólar nas alturas para o agro. Ah, não podemos esquecer: a culpa é sempre dos outros — da taxa de juros, dos empresários, do Zezinho, do Joãozinho — e assim segue a novela, alimentada pela “mídia estatal embuçada de imprensa” e pelos “idiotas úteis”, que afloram o manancial lamacento que suga para um atoleiro os brasileiros desavisados que ainda depositam fé no homem de nove dedos.
E agora o presidente diz que não tem planos para concorrer em 2026. Claro, se tivesse, seria um louco. Mas existem esperançosos que dizem que ele está apenas testando sua popularidade. Seja como for, o governo Lula entregou a presidência para qualquer um que tenha um pouco de popularidade e populismo. Veja o exemplo de Goiás: a tentativa de cassar Caiado, impedindo um candidato forte ao pleito. Simplesmente, a esquerda perde para qualquer concorrente, exceto um. Se você pensou em Jair Messias, acertou.
A tentativa de colocar o ex-presidente no pleito pode colocar nosso país nas mãos do PT mais uma vez. Isso sem mencionar as figuras controversas e polêmicas que insistem em colocar seu nome nos anais políticos. Veja bem, leitor: Bolsonaro passou seu mandato inteiro envolto em polêmicas e jargões arrastados. Agora, no governo Lula, continua enredado em inúmeros processos. Mais do que isso: até entre seus próprios eleitores já há quem comece a enxergar sua verdadeira face. Agora lembre-se: “olhe para Brasília”. Como bem colocou George Bernard Shaw: “O poder não corrompe os homens; mas os tolos, se chegam a um cargo de poder, corrompem o poder”. A capital da nação verde e amarela é a prova viva disso.
O Brasil corre o risco de repetir o cenário americano caso tenha algum tipo de apoio de Trump, uma reviravolta na opinião pública enquanto o atual presidente continue sua governança desastrosa. E aquele leve empurrão do Congresso, como já observamos nos arranjos. Não podemos esquecer que a base bolsonarista apoiou a candidatura de Alcolumbre, permitindo que, por mais dois anos, nosso país continue com insegurança jurídica, democracia amordaçada, direitos relativizados e, principalmente, uma população sem esperança de futuro.
Precisamos, urgentemente, pensar no futuro que queremos. As sementes estão agora em suas mãos. Não precisamos escolher essa Matrix na qual vivemos. Podemos ter um horizonte longe de figuras populistas, longe dos arranjos do Centrão, que hoje é o maior mal da nação — onde, se jogarem dinheiro na mão, acontece votação.
A escolha é sua, leitor. Mas olhe bem para Brasília antes de decidir.