Bastião Compilado – 22/04/2025

STF JULGA NOVO GRUPO POR TENTATIVA DE GOLPE EM 2022: A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal deu início nesta terça-feira (22) ao julgamento do “núcleo 2” da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apura a participação de ex-integrantes do governo Bolsonaro em uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. A sessão foi aberta pelo presidente do colegiado, ministro Cristiano Zanin, e seguida pelo ministro Alexandre de Moraes, que apresentou o relatório do caso. Na sustentação oral, o procurador-geral Paulo Gonet reforçou a tese de que os denunciados atuaram para manter o então presidente Jair Bolsonaro de forma ilegítima no poder.

Durante o julgamento, advogados dos acusados usaram estratégias diversas para tentar desmontar a denúncia. A defesa de Fernando de Souza Oliveira destacou o “perfil técnico” do ex-secretário de Segurança do DF e negou omissão nos atos de 8 de janeiro. Já o advogado de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, comparou o sofrimento do cliente à crucificação de Jesus, enquanto o defensor de Marcelo Câmara, outro assessor do ex-presidente, argumentou que o caso deveria ser analisado em primeira instância, e não no STF.

Os ministros da Primeira Turma — Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux — irão decidir se os seis acusados se tornarão réus por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e envolvimento em organização criminosa armada. No fim de março, o STF já havia aceitado uma denúncia semelhante contra Bolsonaro e outros sete aliados, aprofundando a responsabilização judicial por atos ligados ao 8 de Janeiro.

GALÍPOLO DEFENDE PAPEL DO BANCO CENTRAL COMO “CHATO DA FESTA” NA LUTA CONTRA A INFLAÇÃO: Em audiência no Senado nesta terça-feira (22), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, recorreu a uma metáfora inusitada para descrever o papel da autoridade monetária: “ser o chato da festa”. Ele explicou que, quando a economia está aquecida demais, cabe ao BC agir para conter os excessos, geralmente elevando os juros. Por outro lado, quando a economia esfria, a função é estimular a retomada, reduzindo os juros. A fala ocorreu durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que discutiu o cenário da política monetária e os desafios para manter a inflação sob controle.

Galípolo ressaltou que o Brasil vive um momento de pleno emprego, aumento de renda e dinamismo setorial, o que demanda uma política monetária mais rigorosa para evitar o descontrole inflacionário. Com o IPCA acumulando alta de 5,48% em 12 meses até março — acima da meta de 3% estipulada para 2025 pelo Conselho Monetário Nacional — o BC vê necessidade de continuidade no ciclo de alta da taxa Selic, que já está em 14,25% ao ano. O presidente da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), reconheceu a eficácia da alta dos juros no combate à inflação, embora tenha chamado o instrumento de “remédio amargo”.

Durante a sessão, Galípolo também destacou a forte influência do câmbio na inflação de alimentos, apontando que uma desvalorização de 10% da moeda nacional pode elevar os preços dos alimentos em até 1,4 ponto percentual. O economista reforçou que o Banco Central continua avaliando se o atual patamar de juros é suficientemente restritivo para conter a pressão inflacionária sem sufocar a atividade econômica. A audiência reforçou ainda a confiança do governo Lula no trabalho de Galípolo, que já ocupou cargo de confiança no Ministério da Fazenda e agora assume papel central na condução da política monetária.

IBOVESPA E DÓLAR RECUAM EM MEIO A TENSÕES EXTERNAS E AJUSTES PÓS-FERIADO: Na reabertura dos mercados brasileiros após o feriado, o Ibovespa e o dólar iniciaram esta terça-feira (22) em baixa, refletindo tanto ajustes técnicos quanto o impacto de declarações de Donald Trump que abalaram os mercados globais. Por volta das 10h20, o principal índice da B3 caía 0,60%, aos 128.878 pontos, enquanto o dólar recuava 0,61% frente ao real, cotado a R$ 5,77. O ex-presidente americano voltou a criticar duramente Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, pedindo cortes imediatos nos juros e questionando a independência do banco central norte-americano.

As críticas de Trump, acompanhadas da ameaça de demissão de Powell, intensificaram a cautela nos mercados internacionais e derrubaram os principais índices de Nova York em cerca de 2,5% na segunda-feira (21). Ao mesmo tempo, o mercado monitora a valorização do petróleo e do minério de ferro, impulsionada pelos recentes estímulos da China ao setor de serviços e ao consumo interno, incluindo cortes nos preços dos combustíveis. Os rendimentos dos Treasuries de longo prazo também cederam, diante do risco crescente de uma guerra comercial entre Estados Unidos e outras potências, com destaque para Índia e China.

No cenário doméstico, o foco recaiu sobre a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em audiência no Senado para discutir a política monetária. A reunião coincidiu com a divulgação, pelo FMI, de um novo relatório sobre perspectivas econômicas globais e com leilões do Tesouro Nacional. Já no campo das expectativas, o boletim Focus apontou queda pela décima semana seguida na projeção de inflação para os próximos 12 meses, de 5,01% para 4,95%, sinalizando uma melhora gradual nas previsões do mercado.