ESQUEMA DA “ABIN PARALELA” LEVA PF A INDICIAR BOLSONARO, RAMAGEM E CARLOS BOLSONARO:

A Polícia Federal concluiu o inquérito que investiga o uso ilegal de ferramentas de espionagem pela Agência Brasileira de Inteligência, no caso conhecido como “Abin Paralela”. O relatório foi enviado ao Supremo Tribunal Federal e resultou no indiciamento de mais de 30 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem, e o vereador Carlos Bolsonaro. Segundo as investigações, o sistema israelense de geolocalização FirstMile foi utilizado de forma irregular para rastrear até 10 mil celulares por ano, especialmente em 2021, atingindo autoridades públicas, ministros do STF, parlamentares e jornalistas.

Entre os indiciados estão também membros da atual direção da Abin, como o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, sob suspeita de obstruir as investigações. Carlos Bolsonaro é acusado de liderar o chamado “gabinete do ódio”, que teria se aproveitado das informações coletadas para atacar adversários políticos nas redes sociais. Jair Bolsonaro foi indiciado por, segundo a PF, ter conhecimento do esquema e se beneficiar diretamente dele, sem tomar nenhuma providência para impedir a prática ilegal. A investigação também aponta tentativas de ocultação de provas durante operações de busca e apreensão.

Um dos elementos centrais do inquérito é a gravação de uma reunião realizada em 2020, tornada pública em julho do ano passado. No áudio, Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem e advogadas de Flávio Bolsonaro discutem formas de monitorar auditores da Receita Federal responsáveis pelo caso da “rachadinha”. Ramagem sugere instaurar procedimentos administrativos para afastar os servidores. Após a divulgação da gravação, os envolvidos negaram irregularidades e afirmaram que as conversas foram deturpadas, enquanto Carlos Bolsonaro classificou o indiciamento como perseguição política.

CONTAG REDIGIU EMENDAS QUE ENFRAQUECERAM COMBATE A FRAUDES NO INSS, APONTA PF:

A Polícia Federal investiga a atuação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) na tentativa de enfraquecer mecanismos de controle contra fraudes no INSS. Segundo as apurações, a entidade, que é suspeita de envolvimento em desvios de até R$ 2 bilhões por meio de descontos indevidos em benefícios previdenciários, teria redigido 96 emendas à Medida Provisória 871/2019, que visavam justamente combater essas irregularidades. Embora as propostas tenham sido formalmente apresentadas por parlamentares, principalmente da bancada do PT, os metadados dos documentos revelam que foram elaboradas diretamente pela Contag ou por sua assessoria jurídica.

Entre as mudanças propostas e aprovadas no Congresso, uma das mais significativas foi o fim da revalidação anual dos descontos associativos feitos nos benefícios do INSS, um mecanismo considerado essencial pela medida provisória para coibir fraudes. A justificativa da Contag era de que a renovação anual seria inviável operacionalmente. O texto aprovado previu que a revalidação fosse feita a cada três anos, mas essa exigência nunca chegou a ser aplicada. Em 2022, uma nova medida provisória revogou de forma definitiva qualquer tipo de revalidação, encerrando a tentativa de endurecer o controle sobre os descontos em folha dos aposentados.

Em nota, a Contag afirmou que colabora com propostas no Legislativo há 60 anos e repudiou qualquer tentativa de associar sua atuação institucional a práticas fraudulentas. Já os parlamentares que assinaram as emendas alegaram ter agido dentro de suas prerrogativas legais. A investigação segue em andamento.

TRUMP DESCARTA CESSAR-FOGO E DEFENDE “FIM VERDADEIRO” PARA CONFLITO ENTRE ISRAEL E IRÃ:

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (17) que não busca um cessar-fogo entre Israel e Irã, mas sim um “fim verdadeiro” para o conflito iniciado após o ataque israelense ao território iraniano na última sexta-feira (13). A declaração foi dada após o retorno de Trump da Cúpula do G7, no Canadá. Ele também voltou a alertar sobre o programa nuclear iraniano e pediu a evacuação imediata da população de Teerã, reafirmando sua posição de que “o Irã não pode ter uma arma nuclear”.

Trump mencionou ainda que considera enviar seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, ou o vice-presidente J.D. Vance, para conversar com autoridades iranianas. No entanto, horas depois, usou sua rede social, a Truth, para negar qualquer contato direto com líderes do Irã e reforçar que não está negociando um cessar-fogo. Segundo ele, Teerã “deveria ter aceitado o acordo que estava sobre a mesa”, em referência às tratativas para um novo pacto nuclear com os Estados Unidos. Cinco rodadas de negociação foram concluídas sem acordo, e uma sexta reunião prevista para o dia 15 foi cancelada após o bombardeio israelense do dia 13.

Em meio à escalada de tensão, os países que compõem o G7, ou seja, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Japão, Alemanha, França e Itália, divulgaram uma declaração conjunta na qual reiteram o apoio à segurança de Israel e apontam o Irã como a principal fonte de instabilidade no Oriente Médio. Os líderes também destacaram a necessidade de proteger civis e pediram que uma eventual resolução da crise iraniana leve a um cessar-fogo em Gaza. Desde outubro de 2023, mais de 55 mil palestinos foram mortos, a maioria mulheres e crianças, em ofensiva israelense que também impôs bloqueio de alimentos e medicamentos. O G7 alertou ainda para os riscos à estabilidade dos mercados globais de energia, afirmando que pode coordenar ações para mitigar os impactos.