DEFESA DE BOLSONARO APOSTA NA DESCONFIANÇA SOBRE CID:

Primeiro réu a depor no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, Mauro Cid falou na condição de delator, obrigado a colaborar sem mentiras ou omissões. No entanto, reportagem da VEJA revelou que ele usou um perfil em rede social para fazer críticas à investigação, contrariando o que afirmou no interrogatório ao ministro Alexandre de Moraes, quando disse que não comentara o caso com terceiros. A revelação compromete a credibilidade do acordo de delação.

Com isso, as defesas dos demais réus passaram a argumentar que Cid não é confiável e que isso fragiliza todo o processo. Juristas afirmam que a quebra do acordo, mesmo que parcial, pode levar à sua anulação, o que enfraqueceria as provas obtidas com base nos depoimentos do ex-ajudante de ordens. Ele já havia sido flagrado em contradição anteriormente, ao acusar investigadores de pressioná-lo e forçá-lo a relatar fatos inverídicos.

Caso o Supremo entenda que Cid reincidiu e agiu de má-fé, o acordo pode ser rescindido. Isso fortaleceria a linha de defesa dos acusados, que apontam vícios no conjunto probatório. Apesar de a fase de instrução estar praticamente encerrada, ainda existe a possibilidade de inclusão de novas provas, caso a Corte aceite os pedidos das defesas.

FILIAÇÃO DE MENDANHA AO PSD FORTALECE BASE DE CAIADO NO ESTADO:

A filiação de Gustavo Mendanha e sua esposa Mayara Mendanha ao PSD, no domingo (15), reforça a base política do governador Ronaldo Caiado (UB) e do vice-governador Daniel Vilela (MDB) em Goiás. O evento, realizado na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, sinaliza o alinhamento do PSD com o grupo governista para a sucessão estadual em 2026. A entrada de Mendanha é vista como estratégica para ampliar o diálogo com os municípios.

Durante o ato, Caiado elogiou a trajetória política de Mendanha e ressaltou o papel do PSD em sua gestão, citando o comando da Codego como exemplo da presença ativa da legenda no governo. O governador também destacou o fortalecimento da base aliada.

Mendanha, por sua vez, fez acenos à candidatura de Daniel Vilela ao governo e à possível candidatura de Caiado à Presidência da República. Ele também agradeceu o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, exaltando sua capacidade de identificar lideranças em ascensão. O evento contou com a presença de diversas lideranças políticas, como o senador Vanderlan Cardoso, deputados, prefeitos e vereadores.

HADDAD TIRA FÉRIAS EM MEIO À PRESSÃO CONTRA O IOF:

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrou de férias nesta segunda-feira (16), em meio à disputa política envolvendo o aumento do IOF. Ele será substituído até 22 de junho pelo secretário-executivo Dario Durigan. A ausência de Haddad coincide com a tentativa do presidente da Câmara, Hugo Motta, de pautar a urgência de um decreto legislativo que pode derrubar a medida do governo.

O aumento do IOF foi anunciado em maio e, após reação negativa, o governo recuou parcialmente. Ainda assim, espera arrecadar cerca de R$ 7 bilhões com a versão atualizada da medida. Desde então, foram apresentadas 37 propostas na Câmara e 5 no Senado para sustar o aumento do imposto, conforme levantamento da CNN. Apesar da tensão, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, afirmou que não há crise e que o acordo com os líderes partidários é votar apenas a urgência, não o mérito.

No sábado (14), Hugo Motta se reuniu com o presidente Lula no Palácio da Alvorada, acompanhado de Arthur Lira. A pauta oficial do encontro não foi divulgada. A urgência do projeto, se aprovada, acelera sua tramitação, permitindo que o texto seja votado diretamente no plenário. Fica evidente o desgaste do governo na tentativa de ajustar as contas públicas via aumento de impostos.