PARA AMENIZAR TARIFAÇO, PLANO DE CONTINGÊNCIA DEVE TER CRÉDITO EMERGENCIAL E COMPRAS PÚBLICAS:

Com a entrada em vigor das novas tarifas americanas, que afetam cerca de 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, o governo federal trabalha com urgência na criação de um plano de contingência. O objetivo é evitar uma crise generalizada nos setores mais expostos ao mercado norte-americano, como carnes, frutas, calçados, pescados, mel, siderurgia e eletroeletrônicos sob encomenda.

O plano incluirá crédito emergencial com juros subsidiados, prazos estendidos e carência para exportadores, além de compras públicas estratégicas para absorver estoques e evitar perdas, especialmente de itens perecíveis. Também haverá um programa de proteção ao emprego e compensações tributárias, como a devolução de tributos para pequenos exportadores, já em vigor desde o início de agosto.

As medidas serão aplicadas com diferentes níveis de intensidade, conforme o grau de dependência de cada setor em relação aos EUA. Produtos com exportação quase exclusiva para o mercado americano, como o atum, terão prioridade. Frigoríficos, indústrias calçadistas e cooperativas de frutas já relatam dificuldades, inclusive com renegociação de contratos e paralisação de embarques.

Em paralelo, o governo atua na frente diplomática com a abertura de um escritório da ApexBrasil em Washington, que buscará apoiar empresas e negociar isenções. No plano jurídico, o Brasil prepara uma contestação na OMC contra as tarifas, argumentando que elas violam o livre comércio e têm caráter político. A resposta brasileira busca ser firme, porém não hostil.

Governadores de estados exportadores, como São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Paraná, anunciaram pacotes locais de socorro, incluindo linhas de crédito estaduais e incentivos fiscais. Segundo o presidente Lula, a resposta será com apoio, não com agressividade. O desafio é impedir uma reação em cadeia que afete empregos e a base industrial, exigindo não só ação emergencial, mas também estratégia de longo prazo.

ITAMARATY CHAMA ENCARREGADO DOS EUA E DIZ QUE AMEAÇAS SÃO INACEITÁVEIS:

O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta sexta-feira (8) o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para expressar formalmente a insatisfação do governo brasileiro com recentes postagens feitas pela embaixada americana e pelo Departamento de Estado nas redes sociais. As publicações criticam diretamente o ministro Alexandre de Moraes e foram consideradas ameaçadoras por autoridades brasileiras.

Escobar foi recebido no Itamaraty pelo embaixador Flavio Goldman, que chefia interinamente a área de Europa e América do Norte no ministério. Segundo relatos, Goldman manifestou “profunda indignação” com o tom e o conteúdo das mensagens, classificando-as como ingerência inaceitável em assuntos internos do Brasil e uma ameaça direta a membros do Supremo Tribunal Federal.

As postagens mencionam supostas violações de direitos humanos por parte de Moraes, citando perseguição a Jair Bolsonaro e seus apoiadores, além de ameaçar aliados do ministro com possíveis sanções baseadas na Lei Magnitsky. A embaixada americana afirmou ainda estar monitorando a situação “de perto”, o que foi interpretado como uma forma de intimidação diplomática e jurídica.

O episódio ocorre em meio à crise gerada pela prisão domiciliar de Bolsonaro, que reacendeu tensões entre o Judiciário brasileiro e setores políticos dos EUA. No Supremo, o conteúdo das postagens foi lido como uma ameaça de retaliação também a outros ministros. A ausência de um embaixador fixo em Brasília desde a saída de Elizabeth Bagley também agrava o clima de desconfiança entre os dois países.

O governo brasileiro vê na postura americana uma tentativa de pressionar decisões internas por motivações políticas. Enquanto isso, o Itamaraty reforça sua posição de que qualquer debate sobre direitos humanos deve ocorrer em canais institucionais e respeitando a soberania nacional. A crise evidencia um novo ponto de atrito nas relações bilaterais sob o governo Trump.

MPGO INVESTIGA “RACHADINHA” NA VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE CALDAS NOVAS:

O Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou nesta sexta-feira (8) a Operação Vigilância Contaminada, que investiga suspeitas de “rachadinha” na Vigilância Sanitária de Caldas Novas. Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, incluindo na sede do Núcleo de Vigilância Sanitária (Visam). A apuração começou em abril e é conduzida pela 5ª Promotoria de Justiça do município.

Segundo o MPGO, a investigação envolve suposta prática de peculato, com registro de horas-extras fictícias e descumprimento da jornada de trabalho. Em troca, haveria pagamento a servidores responsáveis pelo controle de ponto e pela autorização dessas horas. Durante a operação, dois servidores públicos foram afastados preventivamente de suas funções.

Foram apreendidos documentos, equipamentos eletrônicos e R$ 6.362 em espécie. O promotor de Justiça Wessel Teles de Oliveira explicou que o objetivo é reunir provas sobre a apropriação indevida dos valores correspondentes às horas-extras fictícias. A ação contou com sete promotores, servidores do MPGO e apoio da Polícia Militar.

As ordens judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Caldas Novas. O MPGO informou que as investigações continuam para identificar todos os envolvidos e calcular o prejuízo aos cofres públicos.

A Prefeitura de Caldas Novas afirmou não ser parte investigada e disse colaborar integralmente com as autoridades. Informou que afastou os servidores suspeitos, instaurou sindicância e seguirá com procedimento administrativo disciplinar. O município destacou seu programa de compliance e o compromisso com a transparência e a ética na gestão pública.

TARCÍSIO AGE PARA DEMONSTRAR LEALDADE A BOLSONARO AO MESMO TEMPO EM QUE REJEITA DISCURSO RADICAL:

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visitou Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira (7) em Brasília, após obter autorização do ministro Alexandre de Moraes. A ida foi interpretada como um gesto de lealdade ao ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar. A movimentação ocorre em meio a críticas de aliados de Bolsonaro pela ausência de Tarcísio na manifestação do último fim de semana, justificada por um procedimento médico.

Fontes próximas ao governador afirmam que, apesar do apoio, ele pretende continuar distante da ala mais radical do bolsonarismo, liderada por figuras como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A postura visa preservar a imagem de moderação e evitar desgastes políticos com setores mais amplos do eleitorado.

Durante a visita, Tarcísio descreveu Bolsonaro como “sereno” ao falar com governadores de direita. No entanto, manteve a discrição sobre o conteúdo do encontro e não fez declarações públicas incisivas sobre o caso. O comportamento reforça a estratégia de baixo perfil em meio ao clima político acirrado.

Nas últimas semanas, Tarcísio também buscou amenizar o tom em relação ao tarifaço dos Estados Unidos, alinhando-se ao setor produtivo paulista e mostrando preocupação com os impactos econômicos da medida. Essa postura reforça a tentativa de equilibrar apoio a Bolsonaro com atenção às pautas econômicas.

Em Brasília, além de visitar o ex-presidente, o governador aproveitou para encontrar sua mãe, que mora na capital federal. O gesto pessoal reforçou o tom reservado da viagem, em contraste com o ambiente politicamente carregado em torno da situação jurídica de Bolsonaro.

ISRAEL APROVA PLANO DE NETANYAHU PARA ASSUMIR CONTROLE DA CIDADE DE GAZA:

Após quase dez horas de deliberação, o Gabinete de Segurança de Israel aprovou, nesta sexta-feira (8, horário local), o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para a ocupação da Cidade de Gaza. A medida autoriza as Forças de Defesa de Israel (IDF) a se prepararem para tomar o território, enquanto garantem a distribuição de ajuda humanitária à população civil em áreas fora do conflito.

Em entrevista à Fox News antes da votação, Netanyahu declarou que não pretende manter controle permanente sobre Gaza, mas sim estabelecer um perímetro de segurança. Segundo ele, a intenção é, após a operação, entregar a administração do enclave a forças árabes, que “governariam adequadamente”. O premiê negou que Israel deseje governar o território.

A decisão ocorre após o colapso das negociações de cessar-fogo com o Hamas. No último fim de semana, o grupo palestino divulgou vídeos de reféns israelenses em condições precárias de saúde, o que provocou indignação popular e mobilizou familiares das vítimas a pressionarem por ação do governo.

O Hamas reagiu chamando o plano de Netanyahu de “golpe” e acusou o premiê de colocar em risco a vida dos reféns para atender a interesses políticos próprios. Para o grupo, a expansão da ofensiva israelense demonstra a falta de compromisso com as tratativas de paz e agrava a crise humanitária em Gaza.

Com a aprovação do plano, Israel intensifica sua estratégia militar contra o Hamas, aumentando a tensão regional e gerando novas incertezas sobre o futuro do enclave palestino. A operação, segundo o governo israelense, será acompanhada por esforços para mitigar o impacto sobre civis, embora organizações internacionais já alertem para riscos de agravamento da crise humanitária.