CAFÉ EM ALTA: FRIO E TARIFAS AMERICANAS AUMENTAM PREÇOS E INCERTEZAS:

Uma nova frente fria trouxe temperaturas baixas para as principais regiões produtoras de café no Brasil, como o Sul de Minas, com mínimas previstas entre 6 °C e 8 °C, e risco de geadas. Além disso, tempestades de granizo causaram danos localizados em algumas propriedades, afetando folhas e potencialmente a produção da safra 2026/27.

Os preços do café Arábica reagiram ao cenário climático e fecharam em alta, chegando a 307,7 cents por libra-peso nos contratos de setembro, um aumento semanal de 1,5%. Esse movimento reflete a preocupação dos produtores e investidores com os impactos das condições meteorológicas adversas na produção futura.

Nas regiões produtoras de Conilon, como Espírito Santo e Bahia, a safra atual está praticamente finalizada, e as chuvas recentes têm favorecido a floração da próxima temporada. Apesar desse cenário mais favorável, a combinação do clima desafiador em outras regiões e a indefinição nas tarifas mantém os produtores cautelosos e com vendas lentas.

Além dos riscos naturais, o mercado enfrenta uma barreira comercial importante: os Estados Unidos mantêm uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro, sem previsão de isenção. Essa situação pode provocar escassez nos EUA no segundo semestre de 2025 e provocar maior volatilidade nos preços globais do produto.

EUA RETIRAM TARIFA EXTRA E IMPULSIONAM MERCADO BRASILEIRO DE LARANJA:

A decisão dos Estados Unidos de retirar a sobretaxa adicional de 40% sobre o suco de laranja brasileiro representa um alívio importante para o setor citrícola nacional. A medida, anunciada em julho por ordem executiva da Casa Branca, preserva a competitividade do produto brasileiro em seu principal mercado de exportação, permitindo maior segurança para negociações futuras.

Embora o suco brasileiro ainda esteja sujeito a uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada e a uma sobretaxa de 10%, a exclusão da taxa extra de 40% traz um fôlego crucial para a comercialização da safra 2025/26, que enfrentava baixa liquidez. A expectativa é de que isso estimule a retomada dos contratos, beneficiando produtores e indústrias processadoras.

Essa isenção ocorre em um momento delicado, no qual o setor lida com desafios climáticos e questões de produtividade. Manter o acesso competitivo ao mercado norte-americano é essencial para garantir o escoamento da produção nacional e minimizar perdas financeiras no campo.

Com o Brasil consolidado como o maior fornecedor mundial de suco de laranja, o novo cenário tarifário deve proporcionar maior estabilidade e favorecer o planejamento estratégico das exportações nos próximos meses, fortalecendo toda a cadeia produtiva do setor.

OSC LIGADA A IRMÃO DE VEREADOR DE APARECIDA RECEBE QUASE R$ 1 MILHÃO EM EMENDAS E PLANEJA AMPLIAR ATENDIMENTO INFANTIL:

Em um cenário que levanta questionamentos sobre o uso de recursos públicos, a Organização Social Civil (OSC) Garra, vinculada ao empresário Wesley Costa Teodoro, irmão do vereador de Aparecida de Goiânia, Wegner Costa Teodoro (PDT), está prestes a receber um montante de R$ 976.853,13 em emendas impositivas aprovadas pela Câmara Municipal de Goiânia. O valor, autorizado pelo vereador Henrique Alves (MDB), representa um aumento de mais de três vezes em relação aos repasses feitos no ano anterior, quando a entidade recebeu cerca de R$ 400 mil.

A Garra, que se apresenta como uma associação sem fins lucrativos dedicada a atividades esportivas para crianças, atende atualmente em média 50 crianças, segundo relatos da organização. A sede oficial da entidade está localizada no Setor Parque Eldorado Oeste, na mesma avenida em que funciona a construtora Cedemp, empresa de propriedade do próprio Wesley. Visitas ao local indicaram que a sede permanece fechada, e moradores da região desconhecem a existência de atividades regulares da OSC no endereço declarado.

Segundo informações obtidas no Residencial Betim Belchior, onde a Garra atua como uma escola de futebol gratuita, as atividades ocorrem em dias específicos e contam com a participação de crianças da comunidade local. Wesley afirmou que o montante de emendas será utilizado para ampliar o atendimento, que deve passar das atuais 50 crianças para cerca de 200 até o fim de 2025, estendendo a ação aos setores Itaipu e Noroeste, em Aparecida.

Além das práticas esportivas, o projeto contempla ações educativas e culturais, incluindo palestras voltadas à formação cidadã e visitas a espaços simbólicos do futebol goiano, como o Estádio Serra Dourada. De acordo com o responsável, a equipe é composta por 15 colaboradores que também realizam atendimentos em escolas municipais. Entretanto, a reportagem não teve acesso ao Plano de Trabalho oficial que fundamenta os repasses, apesar de sua solicitação.

Outras emendas parlamentares totalizando cerca de R$ 500 mil, encaminhadas por vereadores como o presidente da Câmara, Romário Policarpo, e o ex-vereador Izídio Alves, estão em análise para aprovação e podem ampliar ainda mais os recursos destinados à organização. Questionado, o vereador Henrique Alves defendeu o repasse, afirmando que o objetivo é estruturar e expandir o projeto social, ressaltando que a fiscalização dos recursos cabe à prefeitura.

DEFESA CONTESTA DELAÇÃO DE MAURO CID E PEDE SUA ANULAÇÃO NO STF:

A defesa de Filipe Martins, ex-assessor internacional de Jair Bolsonaro, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. O motivo alegado é a existência de contradições entre os depoimentos do delegado da Polícia Federal Fábio Alvarez Shor e do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército.

Segundo os advogados, o general teria admitido ter visto registros sigilosos do Palácio da Alvorada e trechos da delação de Cid antes de prestar depoimento. No entanto, o delegado Shor afirmou, em audiência, que Freire Gomes não teve acesso a esses materiais. A defesa argumenta que, se confirmada a exposição prévia a documentos sigilosos, isso poderia configurar violação do devido processo legal e comprometimento da validade da delação.

A questão central gira em torno de um possível encontro entre Bolsonaro, os comandantes das Forças Armadas e Filipe Martins, no dia 7 de dezembro de 2022. O general Freire Gomes disse que a suposição sobre a presença de Martins partiu unicamente de informações fornecidas pela Polícia Federal, e não de lembrança própria, o que levanta suspeitas de indução.

Com base nisso, os advogados afirmam que houve descumprimento do artigo 212 do Código de Processo Penal, que proíbe perguntas sugestivas a testemunhas. Além disso, a defesa reclama da falta de acesso aos vídeos completos dos depoimentos realizados durante o inquérito, o que, segundo eles, compromete a transparência do processo.

A delação de Mauro Cid acusa Martins de ter ajudado a redigir uma minuta de decreto golpista com Bolsonaro. A defesa nega qualquer envolvimento de Martins nesse episódio e sustenta que não há qualquer prova documental da suposta minuta ou de sua participação no encontro citado.

CRISE NA COP30: PAÍSES PRESSIONAM BRASIL POR PREÇOS ABUSIVOS EM BELÉM:

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, revelou que países têm pressionado o Brasil a transferir a conferência climática da ONU de Belém para outra cidade devido aos preços considerados “extorsivos” nos hotéis locais. A insatisfação, especialmente entre nações em desenvolvimento, gerou apelos formais para a mudança do local do evento, marcado para novembro de 2025. Segundo Corrêa do Lago, o aumento das diárias chegou a 15 vezes o valor normal, o que cria um cenário de exclusão e compromete a participação de diversas delegações.

A crise ganhou repercussão internacional após o negociador africano Richard Muyungi denunciar publicamente a inviabilidade logística e financeira da conferência em Belém. Em uma reunião de emergência com o órgão climático da ONU, o Brasil se comprometeu a apresentar soluções até 11 de agosto, data que será decisiva para confirmar a permanência do evento na cidade. Muyungi destacou que o Grupo Africano quer manter suas delegações completas e cobra do Brasil uma resposta concreta.

O governo brasileiro tenta conter os danos. Um grupo coordenado pela Casa Civil está dialogando com o setor hoteleiro e buscando alternativas para ampliar a capacidade de hospedagem. Duas embarcações foram contratadas para funcionarem como hotéis flutuantes, oferecendo 6 mil camas adicionais. Também foi aberta uma reserva de acomodações com diárias até US$ 220 para países em desenvolvimento. No entanto, esse valor ainda ultrapassa o auxílio-moradia que a ONU destina a algumas nações.

Mesmo com esses esforços, relatos de diplomatas indicam que muitas delegações, inclusive de países ricos, ainda não conseguiram garantir hospedagem. Representantes da Holanda e da Polônia, por exemplo, já anunciaram que podem ter que reduzir drasticamente o número de participantes, o que ameaça a diversidade e a representatividade da conferência. Um diplomata polonês chegou a dizer que, em um cenário extremo, o país pode simplesmente não comparecer.

A COP30 será a primeira edição do evento realizada na Amazônia e é considerada estratégica para reforçar o protagonismo ambiental do Brasil. Espera-se a presença de chefes de Estado, ministros e milhares de integrantes da sociedade civil de mais de 190 países. A crise com os preços dos hotéis, no entanto, coloca em risco a imagem do país como anfitrião e pode comprometer o impacto político e diplomático da conferência.