GOIÁS NO RUMO DA ENERGIA VERDE: INPASA ANUNCIA SUPERUSINA EM RIO VERDE:

A Inpasa, atualmente a maior produtora de etanol de grãos do Brasil, anunciou a implantação de sua primeira usina em Goiás, localizada em Rio Verde. O investimento previsto é de R$ 2,5 bilhões e a construção deverá gerar cerca de 3 mil empregos, sendo 1 mil diretos. A chegada da empresa reforça sua posição de liderança no setor bioenergético e fortalece a presença de Goiás no cenário nacional.

A nova planta contará com capacidade para processar 35 mil toneladas de milho e sorgo por dia, além de armazenar até 6,2 milhões de toneladas de grãos. A escolha por Rio Verde se deu pela elevada disponibilidade de matéria-prima, forte infraestrutura logística com rodovias duplicadas e a oferta de mão de obra qualificada na região.

Segundo autoridades estaduais, o projeto consolida Goiás como referência nacional no setor de biocombustíveis, ao mesmo tempo em que impulsiona a economia local. A expectativa é que o empreendimento fomente toda a cadeia produtiva, estimulando parcerias com produtores locais e gerando novas oportunidades de negócio.

A operação da Inpasa ocorre em um cenário de expansão do etanol de milho no Brasil. Outros investimentos reforçam essa tendência, como o da Planalto Bioenergia, que prevê duas usinas em Goiás com aporte de R$ 1,8 bilhão. A produção de etanol a partir da safrinha vem crescendo no Centro-Oeste. Atualmente, o etanol de milho já responde por cerca de 23% da produção nacional de etanol, com expectativa de atingir 40% nos próximos dez anos, segundo estimativas do setor divulgadas pela Reuters.

EXPORTAÇÕES SOB PRESSÃO: TARIFA DOS EUA AMEAÇA SETOR DE SUCO DE LARANJA:

O setor brasileiro de suco de laranja está na iminência de sofrer um forte abalo financeiro devido à nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o produto. A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, pode gerar um prejuízo anual de até R$ 4,3 bilhões, segundo estimativas da Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos (CitrusBR), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O impacto considera a safra encerrada em junho e engloba não apenas as tarifas dos EUA, mas também os encargos globais em mercados como União Europeia, Canadá, Japão e China. Com a mudança, os tributos pagos pelo setor em exportações podem saltar de US$ 393,6 milhões para impressionantes US$ 1,3 bilhão, afetando drasticamente a competitividade do suco brasileiro no exterior.

Na safra 2024/25, os EUA foram o segundo maior destino do suco de laranja do Brasil, atrás apenas da Europa, respondendo por 41,7% das exportações. Foram mais de 307 mil toneladas vendidas, o equivalente a 85 milhões de caixas, que renderam US$ 1,31 bilhão. Hoje, o Brasil já paga uma tarifa de US$ 415 por tonelada exportada para os EUA, o que somou US$ 142,4 milhões na última temporada.

Com a nova tarifa de 50%, somada à alíquota adicional de 10% anunciada em abril, o impacto financeiro pode atingir US$ 792 milhões. Mesmo que a nova taxa substitua a anterior de 10%, o prejuízo ainda seria substancial, com aumento de US$ 635 milhões por safra, uma alta de 345,8% em relação aos custos atuais, alerta a CitrusBR.

AGROQUÍMICOS ENTRAM NO XADREZ GEOPOLÍTICO ENTRE EUA E UNIÃO EUROPEIA:

O recente acordo entre Estados Unidos e União Europeia, anunciado em 27 de julho, impôs uma tarifa geral de 15% sobre a maioria das importações europeias, mas poupou certos agroquímicos da cobrança. Segundo o CEO da Oken.Finance, Anderson Nacaxe, essa exceção coloca os insumos agrícolas na categoria de “Produtos Especiais” e revela a crescente importância geopolítica desses produtos, antes vistos apenas como itens técnicos.

A decisão evidencia a dependência mútua entre as duas potências: enquanto a Europa importa grande parte das commodities agrícolas americanas, os Estados Unidos ainda dependem fortemente da biotecnologia e dos insumos químicos europeus, especialmente os fabricados por gigantes como Bayer e BASF. Embora empresas como a Corteva Agriscience tenham ampliado a capacidade produtiva interna dos EUA, os produtos europeus seguem sendo essenciais para o agronegócio norte-americano.

Durante as negociações, Bayer e BASF atuaram ativamente para garantir que não houvesse barreiras ao fluxo de seus insumos, enquanto a americana Corteva pressionava na direção oposta, em busca de maior proteção ao mercado interno. O resultado do pacto mostra que os agroquímicos passaram a ser considerados ativos estratégicos com implicações diretas na segurança alimentar global.

Para o setor do agronegócio, a principal lição é clara: os insumos agrícolas deixaram de ser apenas uma questão técnica e agora ocupam lugar central na agenda geopolítica mundial. A previsibilidade deu lugar à tensão estratégica, e produtores, investidores e empresas terão que acompanhar de perto os movimentos políticos que afetam diretamente a cadeia produtiva.

CRÍTICAS DE EDUARDO BOLSONARO DIVIDEM A DIREITA E GERAM DESCONFORTO INTERNO:

As recentes críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a figuras da própria direita têm causado desconforto dentro do campo conservador. Após se posicionar contra a atuação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) no caso do tarifaço de Donald Trump, Eduardo também voltou suas críticas ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), expondo tensões internas no grupo político alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Eduardo criticou Nikolas publicamente nas redes sociais por apoiar uma influenciadora que, segundo ele, deseja a prisão de sua família. A crítica foi feita em resposta a uma publicação do blogueiro Allan dos Santos, foragido nos EUA e investigado pelo STF. O ataque foi considerado exagerado por aliados, que veem o deputado agindo de forma impulsiva e emocional, possivelmente em razão da pressão judicial que enfrenta fora do país.

A repercussão negativa levou dirigentes do PL a aconselharem os parlamentares atacados a não responderem publicamente, a fim de evitar a ampliação do desgaste. O presidente do PP, Ciro Nogueira, chegou a classificar as declarações de Eduardo como um erro. A avaliação interna é que, neste momento, seria mais prudente preservar a imagem do grupo diante da opinião pública.

O episódio é apenas mais um capítulo da crescente fragmentação entre lideranças da direita, especialmente no contexto das eleições municipais e da movimentação internacional de figuras bolsonaristas. As críticas de Eduardo Bolsonaro sinalizam um racha político e pessoal dentro da base que já foi mais coesa, levantando dúvidas sobre a capacidade de articulação do bolsonarismo nas próximas disputas eleitorais.

PF APURA DESVIO DE R$ 46 MILHÕES EM EMENDAS PARA EVENTOS DE ESPORTS:

A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União, deflagrou nesta terça-feira (29) a Operação Korban para investigar o possível desvio de emendas parlamentares destinadas à realização de eventos de esportes digitais. A principal entidade investigada é a Associação Moriá, que recebeu R$ 46 milhões entre 2023 e 2024 para projetos voltados ao ensino de games como Free Fire, LoL e Valorant a crianças e adolescentes.

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em quatro estados (DF, GO, AC e PR), além de bloqueio de bens, contas bancárias e suspensão de novos repasses à associação e suas empresas subcontratadas. A Moriá já estava sob suspeita do STF por falta de transparência e teve seus pagamentos suspensos em fevereiro deste ano, sendo posteriormente liberados após divulgação de dados no site da entidade.

Segundo a PF, a investigação se concentra em irregularidades na execução de R$ 15 milhões dos recursos públicos repassados via Ministério do Esporte. Os parlamentares envolvidos nas emendas são Fred Linhares (R$ 27,6 mi), Izalci Lucas (R$ 15,5 mi), Bia Kicis (R$ 1,5 mi), Julio Cesar (R$ 800 mil) e Paula Belmonte (R$ 500 mil). Até o momento, R$ 8 milhões já foram pagos, com o restante empenhado, de acordo com o Portal da Transparência.

Em nota oficial, a Associação Moriá defendeu a legalidade da atuação de seus dirigentes e destacou o impacto positivo de suas ações em mais de 71 mil jovens. A entidade alegou cumprir todas as exigências legais e manter estrutura adequada para operar os projetos. Mesmo assim, a operação levanta dúvidas sobre a fiscalização e o uso de recursos públicos voltados a políticas para juventude e inclusão digital.