Pular para o conteúdo

Comando Vermelhistão: A Indissociabilidade do Crime com as Instituições

|ㅤ26 de maio de 2025
Compartihe esta notícia agora:
Quando o crime organizado dita as regras ao Estado, quem governa de fato? A simbiose do poder paralelo e instituições de estado na tregua do G20.
Integrantes armados do Comando Vermelho com máscaras, representando a influência criminosa no Estado brasileiro

A Indissociabilidade do Crime com as Instituições

Título: Comando Vermelho ordenou trégua de crimes para reunião do G20 no Rio, revela Polícia Federal

A manchete de hoje é essa, amigos. Com o ar da maior naturalidade possível, nosso jornal tradicional redige uma declaração da “ONG” Comando Vermelho. Os rapazes dessa humilde organização disseram que seus membros devem parar de matar e roubar por sete dias – quantas consideração por parte deles.

Hoje também temos a notícia de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) está presente em mais estados que a rede de fast food McDonald’s. Nitidamente estamos diante de uma rápida expansão dessas organizações não governamentais com diversos interesses humanitários.

Eu gostaria muito que isso fosse uma sátira ou mesmo uma desonestidade por minha parte ao escrever isso, mas cada vez mais se torna natural nas mídias, nas falas dos políticos e nas agendas oficiais de determinados agentes públicos a inserção do crime organizado na sociedade civil como entes legítimos, com direitos e deveres a serem exercidos dentro da nossa pífia federação.

“Boa tarde a todos meus irmãos. Hoje, um representante das autoridades no Rio procurou o irmão que é sintonia e pediu para nós segurarmos sete dias sem guerras e roubo devido ao G20 (são representantes de 20 países diferentes). Para evitar isolamentos de irmãos que venham a ter ligação com determinada área. Todos estamos de acordo em segurar esses sete dias até porque se veio no diálogo, eles demonstraram um respeito por nós.”

Eu te pergunto, leitor: isso aqui parece um texto real?

“Eles demonstraram um respeito por nós”.

O Estado brasileiro se subordina a um organismo composto por criminosos com sangue de brasileiros nas mãos, seja direta ou indiretamente, e ainda os trata com respeito. Genuinamente, não há como negar a criticalidade da nossa situação diante da realidade que nos rodeia.

Não existe mais como dizer que há diferença entre o Comando Vermelho e a Cruz Vermelha no que tange a legitimidade de atuação – são ambos organismos internacionais que estão presentes no Brasil e têm autorização para tal.

O Comando Vermelho como Organismo Internacional

Sim, não errei, o Comando Vermelho é um organismo internacional. Não existe nacionalidade por parte desse grupo em relação a nós, brasileiros. Eles têm suas próprias demandas, suas próprias jurisdições, suas próprias leis, seus próprios costumes e seus próprios territórios.

Já não tem mais como dizer que o Estado brasileiro de 40 anos atrás tem o mesmo território hoje. Já estamos disputando território com um outro poder paralelo e, enquanto negarmos essa realidade, perderemos mais e mais espaço.

A Farsa da Ressocialização

Enquanto isso, nossas autoridades se posam como responsáveis e aparentam estar muito preocupadas com a ressocialização e recuperação desse “povo alternativo” e, por mais que eu gostaria que isso fosse uma realidade possível, me parece racionalmente que já passamos – e muito – desse ponto.

Universidades de direito formando magistrados, promotores e policiais que servem o crime, universidades de medicina formando médicos para tratarem os criminosos. Ora, está na hora de fundar-se a UNI-CV, por que não?

Não seria a primeira vez que tal organização se estrutura de forma oficial para participar da sociedade civil brasileira. Já fizeram até comitiva para visitar determinadas autoridades públicas.

O Chamado à Realidade

Esse texto, leitor, foi escrito com a intenção de te acordar para a realidade. Não há como negar que o crime já se tornou parte da cultura, território e política brasileira, apenas carece de legitimação legal para se integrar plenamente entre nós.

E é essa realidade que nós, o povo legitimamente brasileiro, somos chamados a resolver. A solução é óbvia – mas será que estamos dispostos, como um povo, a fazê-la?

Assuntos relacionados

plugins premium WordPress