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Falta de Propósito: A Corrente de Desesperança dos Jovens Brasileiros

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Hoje, iremos falar de um problema ainda maior do que qualquer doença psicológica que se possa conceber: a falta de propósito do homem. Estamos falando sim do homem em sentido genérico, mas é um problema que, quando afeta os rapazes em específico, abre espaço para muitos problemas na sociedade. Não quero viver em um mundo de conto de fadas; nós, como agrupamento de animais, desempenhamos sim funções diferentes a depender do gênero que temos. Claro, não existem mais limitações quanto a níveis educacionais e nem em relação a vínculos empregatícios, mas, quando vemos que 87% dos homens ocupam espaços na engenharia e que 97% das mulheres trabalham em serviço social, fica claro que as diferenças entre homens e mulheres nunca foram apenas em relação a direitos.

Diante dessa situação, vamos nos ater à realidade: a maioria das pessoas que participam de cargos de liderança e, além disso, que simplesmente manifestam interesse nessas posições são homens. O sexo masculino, ao longo da história humana como um todo (ou em sua maioria), tomou o papel de liderança, independentemente se você fala dos visigodos no século V aos estados contemporâneos. E, hoje, me parece que os homens que usualmente tomariam esses papéis de liderança estão presos em situações extremamente deprimentes.

O Brasil hoje não é só liderança mundial no número de homicídios; também somos liderança na América Latina no que tange a doenças mentais como ansiedade e depressão. Essas doenças, que debilitam de forma assustadora quem passa por elas, dão margem para um problema ainda maior – a morte do espírito e um extremo niilismo enquanto forma de enxergar o mundo.

Não há dados claros sobre isso, mas basta fazer uma breve pesquisa de campo que se descobrirá que a vasta maioria das pessoas no Brasil ou não se importa ou desiste completamente da situação política do país, e isso é muito pior do que qualquer uma dessas doenças. Nosso espírito foi completamente derrotado e pisoteado após anos e anos de regimes corruptos, incapazes e extremamente imbecis. E, enquanto isso acontece, aqueles que deveriam ser nossas lideranças desistem – e desistem cedo – e deixam nosso país à deriva daqueles que sempre detiveram o poder.

E mais: isso afeta nossos jovens, aqueles que deveriam substituir os que estão hoje no poder. Pode parecer que não, ao vermos os números de jovens eleitores nas eleições de 2022 e 2024, que aumentaram exponencialmente, mas aquilo que é mais importante não aumentou: a participação destes nas eleições e no processo político. Segundo estudo de universidades cariocas, as instituições que menos têm a confiança dos nossos jovens são os partidos políticos, o Congresso Nacional, o governo e a Presidência da República. Dito isso, que razão os jovens têm para confiar nessas instituições? Entra governo, sai governo e os mesmos problemas perpetuam em nossa sociedade fracassada e miserável. Há razão para confiar na política? Há razão para seguir em frente?

Sendo realista, não existe motivo para acreditar que é possível mudar algo. Inclusive, é extremamente improvável que, mesmo tentando, algo mude. Só que é aqui que nós desistimos? Fraquejamos diante da dificuldade, perdemos vez após vez e simplesmente largamos a toalha? É o que aconteceu conosco até agora, ano após ano, pleito após pleito.

É aí que entra o problema que mencionei: a falta de propósito. Algo que é fato é que aquelas pessoas que participaram do 8 de janeiro, mesmo enquanto criminosos, mesmo enquanto pessoas que realmente queriam um golpe de estado que era improvável de acontecer naquela circunstância, elas tinham um propósito. Quando determinado grupo tem um propósito de realizar algo, pouco importam as chances de isso dar certo ou não, todos irão seguir em frente. Isso não existe mais em nossos jovens, principalmente para as coisas certas.

Enquanto pessoas se mobilizam nas ruas para pedir golpe de estado e têm um propósito, enquanto outros propõem “defender a democracia” e fazem diversas palestras, vídeos, postagens sobre isso, — nossos jovens estão em casa cansados, desesperançosos e sem propósito. Não tem mais sentido lutar pelo certo e errado no nosso país; todas as vezes que tentamos, falhamos. Por que agora seria diferente? Resta desistir.

Esse texto não foi feito para trazer uma solução para esse problema, até porque é algo muito além da alçada de um mero estudante de direito que escreve sobre o Brasil e seus problemas e, sinceramente, sequer consigo imaginar a solução para algo tão grave quanto isso. O Brasil hoje é uma máquina de produzir desertores e, a meu ver, não me parece uma escolha irracional desertar. Como iremos despertar em nossos jovens aquela vontade de guerrear, de lutar pelo que é certo? Não sei. Isso eu deixo com você.

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