Kim Kataguiri denuncia incoerência de bolsonaristas em votações e rebate críticas com acusações de hipocrisia e oportunismo político
O deputado federal Kim Kataguiri rebateu críticas feitas por parlamentares bolsonaristas após se recusar a aderir à obstrução do plenário da Câmara. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar ironizou os ataques e comparou Eduardo Bolsonaro à primeira-dama Janja, acusando ambos de utilizar dinheiro público em viagens, sem apresentar resultados legislativos.
Kataguiri citou diversos momentos em que esteve presente em votações importantes no Congresso, enquanto, segundo ele, parlamentares da base bolsonarista se ausentaram ou votaram ao lado do PT. Entre os episódios, destacou a defesa da CPI da Lava Toga, a oposição à PEC da Impunidade, à indicação de Kassio Nunes ao STF, ao afrouxamento da Lei de Improbidade e ao nome de Augusto Aras para a PGR.
Segundo o deputado, essas situações demonstram uma incoerência entre o discurso e a prática dos aliados de Jair Bolsonaro, que, em sua avaliação, teriam atuado em parceria com os petistas em diversas ocasiões. Kim reiterou que seu posicionamento crítico ao bolsonarismo é conhecido e que nunca escondeu sua postura frente ao ex-presidente.
O parlamentar também respondeu aos questionamentos sobre seu comportamento no plenário, especialmente por ter sido visto rindo durante a sessão. Ele argumentou que sua reação foi motivada por atitudes que considerou caricatas de colegas que protestavam enquanto assistiam a um jogo de futebol no celular ou utilizavam esparadrapos nos olhos como forma de manifestação.
Por fim, Kataguiri afirmou que não teme prejuízos eleitorais por manter sua independência. Disse preferir perder uma eleição “com a coluna ereta” do que se submeter a um projeto de poder no qual não acredita. Segundo ele, alguns bolsonaristas admitem nos bastidores críticas ao próprio ex-presidente, mas não têm coragem de expressá-las publicamente.
Perguntas frequentes:
O que foi a CPI da Lava Toga e por que gerou tanta polêmica?
A CPI da Lava Toga foi uma proposta lançada em 2019 no Senado com o objetivo de investigar possíveis abusos e práticas autoritárias cometidos por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O nome foi inspirado na Operação Lava Jato, e expressava a insatisfação de parte da sociedade e de movimentos políticos com a atuação do Judiciário.
Apesar de apoio público e o endosso inicial de parlamentares como Alessandro Vieira e Kim Kataguiri, o requerimento pela CPI nunca avançou. O presidente do Senado na época, Davi Alcolumbre (DEM-AP), resistiu à instalação da comissão. O tema também gerou fissuras no bolsonarismo, com figuras como Flávio Bolsonaro atuando para frear a CPI, enquanto a senadora Selma (MT) chegou a desfiliar-se do partido por discordar da postura do clã.
O episódio evidenciou tensões profundas entre os Poderes e dentro da base aliada ao governo, além de acirrar o debate sobre ativismo judicial e os limites do controle legislativo sobre o Judiciário.
Fonte: Poder360 – CPI da Lava Toga divide bolsonaristas Poder360
Obstrução parlamentar: como funciona e por que é criticada?
A obstrução parlamentar é uma estratégia regimental legítima usada para atrasar ou impedir votações no Congresso. Ela pode incluir manobras como ausência do plenário para quebrar o quórum, apresentação de requerimentos prolongados, pedidos de retirada de pauta ou adiamento de matérias — práticas que tornam a tramitação mais lenta e complexa.
Embora seja instrumento de pressão válido, quando exagerada, prejudica o funcionamento democrático e a eficiência legislativa. Um exemplo recente ocorreu em abril de 2025, quando bolsonaristas usaram a obstrução para travar comissões, inclusive a mais importante da Câmara, a CCJ, para tentar garantir a tramitação de um projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Fonte: Agência Pública – Obstrução parlamentar e seus efeitos Agência Pública
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