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Crise na COP30: países pressionam Brasil por preços abusivos em Belém

|ㅤ1 de agosto de 2025
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Crise na COP30: Países pedem mudança de sede devido a preços abusivos em Belém; ONU exige resposta até 11 de agosto.
Crise na COP30 com críticas internacionais aos preços de hospedagem em Belém

Crise na COP30 se intensifica com críticas internacionais aos preços “extorsivos” em Belém; ONU cobra solução até 11 de agosto

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, revelou que países têm pressionado o Brasil a transferir a conferência climática da ONU de Belém para outra cidade devido aos preços considerados “extorsivos” nos hotéis locais. A insatisfação, especialmente entre nações em desenvolvimento, gerou apelos formais para a mudança do local do evento, marcado para novembro de 2025. Segundo Corrêa do Lago, o aumento das diárias chegou a 15 vezes o valor normal, o que cria um cenário de exclusão e compromete a participação de diversas delegações.

A crise ganhou repercussão internacional após o negociador africano Richard Muyungi denunciar publicamente a inviabilidade logística e financeira da conferência em Belém. Em uma reunião de emergência com o órgão climático da ONU, o Brasil se comprometeu a apresentar soluções até 11 de agosto, data que será decisiva para confirmar a permanência do evento na cidade. Muyungi destacou que o Grupo Africano quer manter suas delegações completas e cobra do Brasil uma resposta concreta.

O governo brasileiro tenta conter os danos. Um grupo coordenado pela Casa Civil está dialogando com o setor hoteleiro e buscando alternativas para ampliar a capacidade de hospedagem. Duas embarcações foram contratadas para funcionarem como hotéis flutuantes, oferecendo 6 mil camas adicionais. Também foi aberta uma reserva de acomodações com diárias até US$ 220 para países em desenvolvimento. No entanto, esse valor ainda ultrapassa o auxílio-moradia que a ONU destina a algumas nações.

Mesmo com esses esforços, relatos de diplomatas indicam que muitas delegações, inclusive de países ricos, ainda não conseguiram garantir hospedagem. Representantes da Holanda e da Polônia, por exemplo, já anunciaram que podem ter que reduzir drasticamente o número de participantes, o que ameaça a diversidade e a representatividade da conferência. Um diplomata polonês chegou a dizer que, em um cenário extremo, o país pode simplesmente não comparecer.


Como funciona a escolha da sede da COP?

A Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP) é organizada anualmente sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). A escolha da cidade-sede é feita por consenso entre os países-membros, com base em propostas apresentadas com anos de antecedência. Fatores como capacidade logística, segurança, infraestrutura e neutralidade de carbono são levados em conta.

A candidatura de Belém foi aprovada em 2023 como uma estratégia brasileira para destacar a importância da Amazônia no debate climático global. O governo federal comprometeu-se com garantias logísticas e diplomáticas para viabilizar o evento. No entanto, quando problemas surgem — como no caso dos preços abusivos e da falta de hospedagem — a sede pode ser reconsiderada, embora isso seja raro. A última mudança de local ocorreu em 2019, quando o Chile desistiu de sediar a COP25 por causa de protestos, e a conferência foi transferida para Madri.

Fonte: UN Climate Change – Host country information

O impacto econômico e social da “turistificação” em megaeventos ambientais

Eventos como a COP30 costumam trazer um boom econômico para as cidades-sede — mas também geram distorções graves nos preços locais. A especulação sobre diárias de hotéis, serviços e até alimentação é comum, como se vê agora em Belém, onde os valores subiram até 1.500%. Isso gera exclusão e desigualdade de acesso, especialmente para delegações do sul global.

Essa prática, conhecida como “turistificação de eventos climáticos”, já foi criticada anteriormente em conferências sediadas em países africanos e asiáticos. Além de reduzir a participação de países em desenvolvimento, ela compromete os princípios da equidade e da justiça climática defendidos pela própria ONU. Em 2022, ativistas ambientalistas alertaram que a COP27 no Egito teve “preços proibitivos e repressão a vozes críticas”, o que minou a legitimidade do encontro.

Fonte: Climate Home News – COP27 was too expensive for many to attend

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