PGR pede condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe após eleições. Provas incluem mensagens, atas de reuniões e ações da ABIN. Entenda o caso que pode definir futuro político do ex-presidente.
A Procuradoria-Geral da República apresentou as alegações finais no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado, pedindo a condenação de Jair Bolsonaro e outros sete envolvidos. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, o grupo, formado por integrantes do governo e das Forças Armadas, atuou de maneira coordenada para impedir a alternância de poder após a eleição de 2022 e chegou a cogitar o uso da força, inclusive com ameaças a autoridades públicas.
Gonet afirma que a tentativa de ruptura democrática não se baseia em suposições, mas sim em provas documentais e confissões dos próprios réus, como minutas de decretos golpistas, registros de reuniões, conversas de WhatsApp e ações da Abin e PRF. Bolsonaro é apontado como figura central no plano, usando a máquina pública para disseminar desinformação e mobilizar apoiadores contra o resultado das urnas.
Entre os réus estão ex-ministros como Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres, além do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. A PGR sustenta que as ações ocorreram entre julho de 2021 e janeiro de 2023 e tinham como objetivo consolidar um projeto autoritário, que só não foi executado por falta de apoio dentro do Exército. Ainda assim, os atos de 8 de janeiro foram consequência direta da radicalização estimulada pelo grupo.
No caso de Mauro Cid, Gonet pede que não haja perdão judicial por delação, alegando que seus depoimentos foram contraditórios e pouco esclarecedores. O procurador conclui que Bolsonaro não apenas resistiu à derrota eleitoral, mas atuou ativamente para sabotar a democracia, e defende que os envolvidos sejam responsabilizados por seus atos.