Pular para o conteúdo

Itamaraty atua com cautela diante de ameaça de tarifas dos EUA

|ㅤ11 de julho de 2025
Compartihe esta notícia agora:
A ameaça de tarifas dos EUA contra o Brasil, anunciada por Donald Trump, levou o Itamaraty a adotar uma postura cautelosa.
Itamaraty atua com cautela diante de ameaça de tarifas dos EUA

Com cautela, diplomacia brasileira busca resposta técnica à tarifas dos EUA anunciada por Trump, em meio a pressões políticas.

A ameaça de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros acendeu um alerta no governo federal e jogou o Itamaraty no centro de uma crise diplomática. A publicação antecipada da carta enviada ao presidente Lula, feita pelo próprio Trump em sua rede social, causou indignação. Para o ex-chanceler Aloysio Nunes, o gesto foi “um comportamento cafajeste”, pois “antes mesmo que o presidente Lula tenha recebido a carta, [Trump] publica o teor na sua rede social”. Nunes defendeu uma reação firme, com base na nova Lei da Reciprocidade, que permite sanções comerciais.

Especialistas e ex-embaixadores apontam a urgência de uma diplomacia menos ideológica e mais técnica. Rubens Ricupero recomendou serenidade nas negociações, destacando que há uma janela de pouco mais de 20 dias até a entrada em vigor da tarifa. Já Rubens Barbosa alertou para o enfraquecimento do Itamaraty, dizendo que posições técnicas vêm sendo sufocadas por conflitos entre falas políticas e diretrizes profissionais. Segundo ele, foi um erro romper canais com Trump por razões partidárias, e agora o Brasil precisa de diplomacia profissional para enfrentar a situação.

A reação do setor produtivo também foi rápida. Entidades da indústria, comércio e agronegócio, como a Centrorochas e a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), demonstraram preocupação com os impactos da medida e cobraram do governo mais diplomacia e menos ideologia. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou a atitude de Trump como “indecente”, mas afirmou que o governo busca abrir novos mercados para compensar possíveis perdas. Ainda assim, há o reconhecimento de que é necessária uma resposta urgente e coordenada para proteger a economia brasileira.

O presidente Lula declarou que, se os EUA impuserem a tarifa, o Brasil aplicará reciprocidade. O governo também cogita acionar a OMC e convocar a embaixadora em Washington para consultas formais. Apesar da retórica política contra os EUA em alguns momentos, há um esforço para que o Itamaraty atue com cautela e profissionalismo. A habilidade da diplomacia brasileira em isolar os aspectos técnicos da crise da polarização política interna será decisiva para evitar prejuízos e preservar os interesses comerciais do país.

Assuntos relacionados