Governador de SP, Tarcísio, foi chamado de “presidenciável” e contrariou estratégia combinada com o ex-presidente
Durante sua participação no evento jurídico promovido pelo ministro do STF Gilmar Mendes, em Portugal, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, causou desconforto ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-mandatário avaliou que o discurso de Tarcísio teve tom de candidatura presidencial, o que estaria fora do alinhamento previamente acordado entre os dois. Em conversas reservadas, Tarcísio havia prometido adotar um papel conciliador com ministros do Supremo, atuando como ponte para reduzir resistências ao nome de Bolsonaro.
Bolsonaro aceitou e até incentivou a presença de Tarcísio no evento, conhecido informalmente como “Gilmarpalooza”, com base nesse compromisso. No entanto, o modo como o governador se apresentou, sendo anunciado como “presidenciável” e abordando temas de geopolítica e diplomacia, foi interpretado como um movimento autônomo de projeção nacional, o que irritou o ex-presidente. Segundo Bolsonaro, isso enfraquece sua própria narrativa jurídica e política.
Mesmo inelegível após condenação no TSE, Bolsonaro insiste publicamente que será candidato à Presidência. A estratégia, segundo seus aliados, visa reforçar sua posição de liderança na direita e apontar uma suposta perseguição judicial. Nesse contexto, qualquer avanço de Tarcísio como alternativa eleitoral é visto como ameaça ao protagonismo de Bolsonaro tanto nas urnas quanto na arena jurídica.
A reação se estendeu a aliados próximos. O vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo, indicado por Bolsonaro, fez uma crítica indireta a Tarcísio nas redes sociais. Além disso, o nome de Eduardo Bolsonaro passou a ser ventilado como possível presidenciável em uma tentativa de reforçar o domínio da família Bolsonaro sobre o campo conservador e conter o crescimento político de Tarcísio dentro do grupo.